1 – Histórico e Obtenção do Asfalto |
Acedita-se que a palavra “asfalto” provenha do antigo Acádico “Asphaltic” e foi adotada pelos gregos da |
época de Homero com o significado de “tornar firme ou estável”. De um passado distante até o presente, |
o asfalto tem sido usado como um cimento para aglutinar, revestir e impermeabilizar objetos. Estes |
objetos iam desde reservatórios de água, banheiro, trabalhos em alvenaria, na indústria naval para |
calafetagem de navios. É na verdade, um dos mais versáteis produtos da natureza. |
Os primeiros asfaltos ocorriam na natureza e eram encontrados em camadas geológicas, ora como |
“argamassas” moles e prontamente utilizáveis, ora como veios negros duros e friáveis de formação |
rochosas. Estes passaram a ser conhecidos como asfaltos naturais e foram amplamente utilizados até o |
início do século 20. |
A partir de 1909 iniciou-se o emprego de asfalto derivado do petróleo, o qual, pelas suas características de |
economia e pureza, em relação aos asfaltos naturais, constitui a principal fonte de abastecimento de |
asfalto. |
O asfalto moderno é um constituinte natural do petróleo, sendo obtido submetendo-se o petróleo a um |
processo de destilação no qual as frações leves (gasolina, querosene e diesel), são separadas do asfalto por |
vaporização, fracionamento e condensação em torres de fracionamento com arraste de vapor, sendo que o |
estágio final é a destilação a vácuo. O resíduo obtido, após a remoção dos demais destilados de petróleo é |
o cimento asfáltico de petróleo (CAP). |
O asfalto é também um material betuminoso, porque contem betume, que é um hidrocarboneto, solúvel |
no bissulfeto de carbono (CS2), sendo ele o responsável pela característica aglutinante do asfalto.O |
alcatrão que se obtém da destilação destrutiva do carvão mineral ou vegetal, assim como o asfalto, |
redíduo obtido pela destilaçào de petróleo são considerados um materiais betuminosos. |
2 – Utilização Moderna do Asfalto |
Mundialmente o asfalto é utilizado com a finalidade de pavimentação, para se ter uma ordem de |
grandeza, sabe-se que 94% de toda malha rodoviária nos Estados Unidos é de Asfalto, entretanto |
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consome-se uma quantidade significativa dna indústria de materiais de impermeabilização e em |
numerosos e variados produtos. |
O asfalto de pavimentação é à prova de água e não é afetado pela maioria dos ácidos, álcalis e sais, e é |
dito material termoplástico porque amolece ao ser aquecido e endurece ao ser resfriado. Sendo que os |
pavimentos de asfalto são chamados de flexíveis, pelo fato de ser um material viscoso e termoplástico. |
As funções mais importantes do asfalto na pavimentação são: |
Aglutinadora: Consiste em proporcionar uma íntima ligação entre agregados, capaz de resistir às |
forças mecânicas de desagregação produzidas pelo tráfego. |
Impermeabilizante: Garantir ao pavimento vedação eficaz contra penetração da água superficial. |
Os pavimentos asfálticos também devem apresentar superfície lisa, resistência à derrapagem, desgaste, |
distorção e deterioração pelas intempéries e aos produtos químicos descongelantes, principalmente nos |
países de clima temperado. |
Nenhum outro material garante melhor do que o asfalto a realização econômica e simultânea dessas |
funções, além de proporcionar ao pavimento características de flexibilidade que permitem sua |
acomodação, sem fissuramento e eventuais recalques diferenciais das camadas subjacentes do pavimento. |
3 – Tipos de Asfaltos |
Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP) |
É o resíduo da destilação do petróleo e é classificado de acordo com o teste de viscosidade, no Brasil os |
tipos produzidos são: |
CAP 7 |
CAP 20 |
CAP 40 |
A norma técnica IBP/ABNT – EB - 78 fixa as características exigíveis ao CAP para fins de produção e |
utilização. |
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O CAP é um material termoplástico e ideal para a pavimentação, em suas aplicações estes devem estar |
livres de água e homogêneo em suas características. São aplicados em misturas a quente tais como, pré |
misturados, areia-asfalto e concreto asfáltico, recomenda-se o uso de CAP 20 e 40, com teor de asfalto de |
acordo com o projeto. |
Já o CAP 7 é utilizado para tratamentos superficiais, sendo que neste existem algumas restrições de |
aplicação: |
Não podem ser aquecidos acima de 177ºC, sendo a temperatura ideal obtida pela relação entre |
temperatura e viscosidade, visando assim o possível craqueamento térmico do ligante. |
Não se aplica em dias de chuva, em temperatura inferior a 10ºC e em superfícies molhadas. |
Os CAP que à temperatura de 177ºC possuem viscosidade superior a 60 SSF não devem ser |
usados para evitar problemas de superaquecimento. |
Asfaltos diluídos de Petróleo (ADP) |
Resultam da diluição do cimento por destilados leves de petróleo, estes diluentes proporcionam produtos |
menos viscosos que podem ser aplicados a temperaturas mais baixas, sendo que estes evaporam-se após a |
aplicação. |
Os asfaltos diluídos classificam-se em três categorias, mas no Brasil somente duas são especificadas e |
produzidas: |
CR – AD de cura rápida |
CM – AD de cura média |
Para obtenção do CR usa-se como diluente uma nafta na faixa de destilação da gasolina, enquanto que |
para os CM usa-se um querosene. |
Cada uma dessas duas categorias apresenta tipos diferentes de viscosidades, determinadas em função da |
quantidade de diluente. Assim os CR são constituídos dos seguintes tipos: CR – 70, CR – 250, CR – 800 |
e CR - 3000, analogamente os CM apresentam os seguintes tipos: CM – 30, CM – 70, CM – 250, CM – |
800 e CM – 3000. |
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As quantidades de cimento asfáltico e diluentes utilizados na fabricação dos asfaltos diluídos variam de |
acordo com as características dos componentes, sendo volumetricamente, em média, as seguintes da |
tabela 1. |
Os tipos de mesmo número, embora de características diferentes, tem a mesma faixa de viscosidade numa |
determinada temperatura, assim os AD CR – 70 e CM – 70, tem a mesma faixa de viscosidade, embora |
tempos de cura diferentes. |
Em nosso País, os ADP obedecem rigorosamente às Especificações Brasileiras IBP/ABNT – P – EB – |
651 e IBP/ABNT – P – EB – 652, nas quais são fixados os métodos de ensaios a serem seguidos. |
Em serviços de imprimação, recomenda-se o uso dos asfaltos diluídos CM-30 e CM-70, o tipo CM-30 |
para superfícies com textura fechada e o tipo CM-70 para superfícies com textura aberta. A taxa de |
aplicação varia de 0,8 a 1,6/m2, devendo ser determinada experimentalmente mediante absorção pela |
base em 24 horas. O tempo de cura é, geralmente, de 48 horas, dependendo das condições climáticas |
locais (temperatura, ventos, etc). |
Os asfaltos diluídos podem, em situações especiais, ainda ser utilizados em pintura de ligação, |
tratamentos superficiais, misturas a frio. |
Emulsões Asfalticas Catiônicas |
Emulsão asfálticas catiônicas é um sistema constituído pela dispersão de uma fase asfáltica em uma fase |
aquosa (direta), ou de uma fase aquosa em uma fase asfáltica (inversa), as emulsões asfálticas |
normalmente usadas em pavimentação são as catiônicas diretas e prestam-se à execução de diversos tipos |
de serviços asfálticos de forma adequada, tanto técnicas como economicamente. |
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Estes são classificados de acordo com a sua ruptura, viscosidade Saybolt Furol, teor de solvente, |
desmulsibilidade, resíduo de destilação e quanto à utilização: |
RR – 1C: Emulsão asfáltica de ruptura rápida, que se caracteriza pelo teor de resíduo asfáltico no |
mínimo de 62% e viscosidade Saybolt Furol a 50ºC entre 20 e 90s (baixa viscosidade) e |
desemulsividade superior a 50%. |
RR – 2C: Emulsão asfáltica de ruptura rápida, com teor de resíduo asfáltico de no mínimo de |
67% e viscosidade Saybolt Furol a 50ºC entre 100 e 400s (baixa viscosidade) e desemulsividade |
superior a 50%. |
Estas emulsões acima são empregadas em vários tipos de serviços, principalmente nos de penetração. |
A RR – 1C é utilizada quando se necessita de um produto mais fluído e a RR - 2C, quando se deseja |
um produto mais viscoso e com maior teor de resíduo asfáltico. |
RM – 1C: Emulsão asfáltica de ruptura média, que se caracteriza pela viscosidade Saybolt Furol |
de 50ºC entre 20 e 200s (baixa viscosidade), teor residual de asfalto de, no mínimo de 62% e |
desemulsibilidade no máximo de 50%. |
RM – 1C: Emulsão asfáltica de ruptura média, que se caracteriza pela viscosidade Saybolt Furol |
de 50ºC entre 100 e 400s (baixa viscosidade), teor residual de asfalto de, no mínimo de 65%, |
desemulsibilidade no máximo de 50% e teor máximo de solvente destilado entre 3% e 12%. |
As RM – 1C e RM – 2C são empregadas em vários tipos de serviços de pavimentação, principalmente |
nos de pré – misturados a frio abertos. Embora não sejam os produtos mais recomendáveis |
economicamente, podem ser utilizados também para pintura de Ligação se qualquer problema. |
RL – 1C: Emulsão asfáltica catiônica lenta, que se caracteriza por apresentar viscosidade de |
Saybolt Furol máxima de 70s a 50ºC. Não apresentam solvente em sua constituição e tem teor |
asfáltico residual mínimo de 60%. Não se faz o ensaio de desumulsibilidade para caracteriza-la, e |
sim o teste de mistura com cimento ou com filler sílicico, dependendo do agregado mineral que |
for usado. |
O RL-1C é empregado em vários tipos de serviços asfálticos, principalmente nos pré -misturados a |
frio densos, lama asfáltica e solo-betume. |
Fonte:
Notas de Aula - “CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS E VIAS URBANAS” |
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