A atividade impermeabilização, é entendida de forma simplória, como a adoção de técnicas e metais com o objetivo de formar uma barreira química ou física , contra a passagem da água. No entanto, a impermeabilização tem uma função muito mais importante, que é a de proteger os materiais de construção, contra a degradação provocada pela água, visto que a maioria deles são suscetíveis à esta degradação. Os materiais e sistemas de impermeabilização possuem características próprias e variáveis, em função de sua composição química, formulações, etc.., apresentando propriedades distintas de resistência a tração, alongamento, aderência, impermeabilidade, absorção de água, durabilidade, etc. Portanto, se os sistemas possuem propriedades variáveis, é natural que sua aplicação na construção civil apresente formas de desempenho distintas. Assim sendo, a impermeabilização torna-se uma atividade complexa, visto que os profissionais da especialidade, devem conhecer com profundidade as propriedades dos sistemas impermeabilizantes para então deduzir o seu comportamento frente as solicitações impostas pela construção civil. Por outro lado, a construção que servirá de suporte e proteção da impermeabilização apresenta também sua propriedades físicos e químicos intrínsecas dos materiais utilizados na sua construção, que refletem nas exigências de desempenho do sistema de impermeabilização, que será utilizado para protegê-lo, contra a passagem indesejável da água. A somatória de materiais distintos para a construção de uma edificação, cada um com propriedades diferentes, bem como da metodologia de aplicação, muitas vezes acarretam em problemas de patologia construtivas, que incidem diretamente no desempenho da impermeabilização e, se a mesma não estiver adequadamente dimensionada, poderá falhar por não resistir aos esforços impostos. Exemplificamos abaixo ocorrências comuns que podem comprometer o desempenho da impermeabilização se suas propriedades estiverem aquém das exigências;

As paredes de alvenaria construídas de tijolo maciço, bloco de concreto, tijolo cerâmico
apresentam dilatação térmica distintas entre si e em relação a uma estrutura de concreto. Assim sendo, no encontro entre uma parede de alvenaria e um pilar ou viga, podem ocorrer trincas. Uma parede de platibanda apoiada em uma laje de cobertura, contornando toda a edificação, pode apresentar trincas devido a ausência de juntas de dilatação. Também é comum trinca entre a alvenaria e a laje de apoio. Esta trinca pode movimentar-se com valores acima da capacidade de alongamento do sistema impermeabilizante, provocando seu rompimento, caso o mesmo não tenha sido reforçado junto às meias canas. Além deste fato, a trinca formada entre a alvenaria e a laje, permite a entrada d’água que escorre pela fachada externa da edificação. Uma regularização de uma laje, para dar caimento de 1% em direção aos ralos coletores, pode ter sido executada com traço inadequado, aplicada sobre laje impregnada de sujeira, sem hidratação, o que provocará seu deslocamento e a ocorrência de trincas, que podem danificar a impermeabilização. Uma proteção mecânica mal dimensionada para resistir ao tráfego imposto, ou a ausência de juntas de dilatação térmica, pode acarretar trincas que causem danos na impermeabilização. Em muitas ocasiões, a impermeabilização é apontada como ineficiente, sendo que, a partir de uma análise mais rigorosa, percebe-se que a mesma perdeu sua eficiência devido a erros construtivos que provocaram sua degradação. Por erro de interpretação, a impermeabilização é apontado como ré, quando nestes casos é uma verdadeira vítima das falhas construtivas. Assim sendo, os profissionais da atividade de impermeabilização devem conhecer as patologias construtivas mais comuns e inerentes às áreas impermeabilizadas, a fim de prevenir com o dimensionamento adequado da impermeabilização, bem como dos reforços necessários. Os construtores também devem conscientizar-se destas patologias, já que são responsáveis diretos pelas suas manifestações.