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terça-feira, 19 de maio de 2015

Métodos de Recuperação Fibra de carbono segura

Veja como em um serviço de reforço estrutural, que teve um concreto mau dosado por concreteira famosa, a fibra de carbono teve papel fundamental.
Joaquim Rodrigues
O relato de casos é, sem dúvida, uma parte importante na literatura da engenharia, já que apresenta aspectos importantes que devem cair no conhecimento público, de modo a serem conhecidos e, naturalmente, evita-
dos. Muito embora possam causar embaraços ou controvérsias, é essencial para a redução de casos problemáticos ou litigiosos.

O problema ocorrido em uma laje situada em uma concessionária de automóveis, no Rio de Janeiro, é um desses casos de vital importância para o meio construtivo pois evidencia, tecnicamente, numa seqüência lógica, uma técnica de reforço interessante, um litígio, uma prova de carga que oferece
provas do reforço e, finalmente, reforços adicionais.
PLANTA DE DISTRIBUIÇÃO DAS FIBRAS ESC.1:100FACE INFERIOR DA LAJE
clip_image001                    Laje reforçada e posicionamento da fibra de carbono

A estrutura
Uma laje, em concreto armado convencional, com 176m2 (19,35m de comprimento por 9,10m de largura) apoiada em vigas periféricas, foi concebida originalmente para atender a uma sobrecarga de 200kg/m2. Com pouco mais de dois anos de uso, sofreu uma deformação crescente, que chegou a cerca de 150mm em seu centro, devido a erros de projeto, interrompida com três
linhas de escoramentos. O sistema de escoramento teve que ser extendido ao 1º e 2º andares e subsolos para não causar danos às lajes inferiores.
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A laje reforçada e o posicionamento da fibra de carbono.

O reforço A obra, executada pela empresa de recuperação, baseou-se essencialmente num reforço à flexão com fibra de carbono no fundo
A laje após o reforço com fibra de carbono. Repare que o posicionamento das escoras foi paulatinamente alternado devido a interferência com os locais de colagem da fibra de carbono.
image A mistura do epóxi estruturante. A aplicação do epóxi estruturante na fibra de carbono. da laje e uma zona de compressão com a execução de uma laje sobre a existente. As diretrizes especificadas pelo projetista foram as seguintes:

• Retirada total do contrapiso argamassa  do existente, que em algumas regiões  chegou a uma espessura de 15cm, desco-
  brindo-se totalmente a laje deformada.
• Execução de macaqueamento, o que foi  feito gradualmente com as três linhas de  escoras. Todas as deformações na laje foram retiradas, obtendo-se contraflexas em   torno de 10mm no centro da laje.image
• Apicoamento de toda a face superior da  laje, aprofundando-se cerca de 0,5cm.
• Execução de cavas com dimensões de  15X15X10cm espaçadas a cada 2,00m de  modo a fazer a interligação da futura placa de reforço a ser posta sobre a laje.
 
Nestas cavas, imediatamente antes da concretagem da nova placa, foi aplicado
epóxi para favorecer a colagem.
• Aplicação de malha cruzada formada por duas camadas superpostas de fibra de carbono na região inferior da laje e nas vigas periféricas.

• Após a aplicação e cura (7 dias) da etapa  anterior, foi projetada a aplicação de uma  malha de ferro CA50A sobre a laje. Uma  inferior com ferro de 16mm posicionada  nas duas direções e uma superior, forma  da com tela.

• Execução de placa de concreto com  espessura de 6cm, utilizando-se
fck > 35Mpa. O objetivo desta placa foi formar uma camada de compressão. Ime-
diatamente antes da concretagem, saturou-se a superfície da antiga laje com
água, aplicando-se uma calda de cimento com polímero acrílico para servir de agente de colagem.

O controle de qualidade Durante os serviços de reforço, preconizados de acordo com os itens anteriores, a construtora mantinha, adicionalmente, uma empresa de controle tecnológico junto a de recuperação para conferir os materiais uti-
lizados na obra. Durante a concretagem, foram moldados duas séries de 3 corpos de
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  O reforço no fundo da viga V11a.
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  A aplicação da fibra de carbono na laje.

prova para conferir a resistência exigida de 35Mpa. Passados 28 dias após a execução do reforço, os corpos de prova moldados pelo controle tecnológico deram como resultados os valores de rompimento de 27,28 e 29MPa
apenas, o que fez com que a empresa responsável pelo projeto ordenasse, imediatamente, um novo escoramento.

O que aconteceu depois A concreteira, que tem ISO 9001, diante dos resultados, aceitou fazer testes adicionais de esclerometria e, principalmente, extração de corpos de prova, através de uma outra empresa de controle tecnológico, no in-
tuito de rebater a insuficiência de resistência à compressão obtida. Feitos os exames adicionais, obteve-se o valor médio (e insuficiente) de 28MPa. O projetista optou pela demolição da laje feita com  concreto da concreteira ou que ela executasse uma prova de carga, o que não foi cumprido pela concreteira, que tinha como argumentos os seus dois corpos de prova, rompidos aos 28
dias, com resultado de incríveis 36,3 e 35,3MPa. A construtora, com pressa em
entregar a obra, solicitou a uma empresa especializada a execução de uma prova de carga para conferir a situação suporte da laje para a carga de 600kg/m2.
A prova de carga
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A prova de carga atingindo o último estágio de carregamento. Sobrecarga máxima atingida de 600kg/m2.

A prova de carga foi feita com base nas recomendações da norma brasileira NBR
9607 e da norma alemã DIN-1045. O carregamento foi materializado através da
montagem de 3 "piscinas" d'água, confeccionadas com lona plástica e estrutura suporte de madeira. Efetuada em 16 estágios,as etapas de carregamento e descarregamento foram feitas de forma progressiva com incremento de carga não superior a 100kg/m2. O intervalo entre cada estágio de carregamento foi de 15 minutos, sendo neste período, efetuadas duas leituras em cada aparelho, ou seja, uma imediatamente após ser atingida a carga plena (flecha instantânea) e outra 15 minutos após a primeira leitura. As deformações ou deslocamentos
medidos com deflectômetros de 0,01mm de sensibilidade foram analisados através de gráficos carga X deformação e deformação X tempo. A estrutura ficou submetida a carga plena durante 24 horas, após o que foram lidos todos os deslocamentos verticais máximos (deflexões máximas) decorrentes
da carga aplicada. Em seguida, procedeu se à retirada do carregamento, também em etapas. Os trabalhos tiveram início em 8 de dezembro de 2000 e foram concluídos em Os resultados

No decorrer da prova de carga, após 14 horas com a carga plena de 600kg/m2, a viga V11a apresentou fissuras e trincas em suas laterais, nas proximidades dos apoios e ao longo de seu comprimento. A região infe
   
rior da laje e a viga, submetidas ao reforço com fibra de carbono não apresentaram qualquer anormalidade. No quadro, abaixo apresentado, observa-se que as deflexões residuais obtidas após 24 horas do descarregamento ficaram abaixo do limite estabelecido pela norma DIN 1045.
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O parecer da empresa de consultoria que executou a prova de carga manifestou que a laje ensaiada apresentava suficiente grau de segurança para absorver uma sobrecarga distribuída de até 600kg/m2.
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Medidas adicionais O projetista, de posse do resultado da prova de carga, decidiu fazer reforço adicional na viga V11a, tanto à cortante quanto à fle-
xão, utilizando a técnica da fibra de carbono. Para a primeira situação, aplicou-se a fibra transversalmente às trincas surgidas próximo aos apoios. Para aumentar ainda mais a resistência aos esforços de flexão, decidiu aderir mais uma camada de fibra de carbono no fundo da viga.

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O aspecto legal após a obra Após a obra restou o litígio entre a construtora e a concreteira, que nada tem a contestar, já que esta última deveria assumir que
forneceu um concreto com resistência inferior ao comprado (pago antecipadamente) ou vendeu um produto que não foi o que a construtora comprou. Trata-se de um ato de lesão ao consumidor que, naturalmente, foi parar no tribunal. Para esta situação existe um segmento denominado engenharia forense que nada mais é do que a aplicação de princípios técnicos na investigação de estados de ruína ou de problemas de comportamento de estruturas ou de materiais. A palavra "forense" significa forum público, advogados e engenheiros especializados, principalmente em patologia da
construção, entram em cena para disputar uma ação. Neste caso, as evidências da concreteira são insuficientes já que ensaios posteriores comprovaram a insuficiência da resistência. Justificativas de que no dia da obra havia chovido e poderia comprometer os corpos de prova ou de que a laje é apenas um enchimento (a função da laje é dar zona de compressão ao reforço) são insuficientes.
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REFERÊNCIAS
• Joaquim Rodrigues é engenheiro civil, membro de diversos institutos nos EUA, em assuntos de patologia da construção. É editor e diretor da RECUPERAR, além de consultor técnico de diversas empresas.
http://www.recuperar.com.br

segunda-feira, 2 de março de 2015

Calculistas x Concreteiras

Debate sobre cimento, calculo de concreto, concreteiras
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Prezados Calculistas,
Tendo transcorrido uma semana de minha primeira intervenção em um assunto de fundamental importância para todo o meio tecnico envolvido com a produção de estruturas de concreto, e após as colocações dos

sábado, 19 de julho de 2014

QUANTO CUSTA UM METRO DE ENGENHARIA?


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Artigo elaborado por Rivaldo Souza Bôto, Sócio e Diretor da WBS Gerenciamento e Empreendimentos.
*Ápice e queda da engenharia de projetos no Brasil *
A engenharia de projetos se desenvolveu no Brasil a partir dos anos 70, onde empresas como a Natron, Promon, Jaakko Poyry, Cenpes-Petrobras dentre outras, de forma a atender a crescente demanda do mercado químico, e em particular do mercado petroquímico, tiveram um ambiente fértil na atratividade de profissionais, principalmente das universidades. Havia o consenso nos setores empresariais de que o Brasil não poderia se desenvolver sem uma engenharia competente e sem independência do exterior. Aliás, nessa época comprar serviços de engenharia fora do Brasil era quase considerado um crime contra a nação. Os jovens “sentiam” que trabalhar em empresas de engenharia desenvolvendo projetos básicos e de detalhamento, era uma atividade nobre altamente valorizada pelo mercado. Contudo nessa época, e atualmente, o Brasil não adquiriu competência para desenvolver tecnologia, com raras e honrosas exceções, como Embraer, Emprapa e

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Geocompostos para drenagem

MacDrain 1L e 2L

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Tem elevada capacidade de vazão;

Leva . de fácil manuseio e simples instalação

Não-contaminante e resistente a ataques químicos e biologicos


Alivia pressões e empuxos hidrostáticos

Protege os sistemas de impermeabilização contra eventuais danos mecânicos

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terça-feira, 29 de junho de 2010

CONFERÊNCIA GERAL SOBRE DESASTRES

Introdução
Desgaste econômico, físico e mental. No entanto, esta é a realidade da quase
totalidade dos nossos municípios.

Vale a pena chamar a atenção para o fato de que o Brasil não apresenta,
afortunadamente, grandes e graves desastres súbitos de evolução aguda, como
terremotos, furacões, erupções vulcânicas, tsunâmis etc. Mas nosso País sofre, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, inúmeros outros tipos de desastres súbitos como os vendavais, chuvas de granizo, enxurradas e até tornados.

As enchentes e inundações acontecem em todo o País e têm quase sempre características e periodicidade diferentes em cada região.

Na região Norte, apenas para mencionar algumas importantes, temos as
enchentes das áreas ribeirinhas do rio Amazonas, que chegam a alcançar vários
quilômetros de distância desde a margem. Igualmente, as das bacias dos rios
Madeira, Tapajós, Xingu, Negro e Tocantins. As enormes enchentes da cidade de Rio Branco, no Estado do Acre, são, por exemplo, influenciadas pelo degelo na Cordilheira dos Andes.

Na região Nordeste, são inúmeros os rios que sofrem enchentes,destacando-se o rio São Francisco, o vale do rio Jaguaribe, no Ceará, o Parnaíba, no Piauí, e os rios de Contas e Paraguaçu, na Bahia. Todos os outros Estados da região sofrem também inundações cíclicas, muito freqüentes nos Estados de
Pernambuco e Alagoas. Uma das enchentes mais importantes na região ocorreu  em 1985, apresentando mais de um milhão de pessoas desabrigadas e danos incalculáveis à produção agrícola e à infra-estrutura de serviços essenciais.

Em 1992, o rio São Francisco apresentou, também, uma enchente de
vulto, afetando principalmente Minas Gerais, Bahia, Sergipe e Alagoas.
Na região Sul, o Estado mais afetado é o de Santa Catarina. Em 1983, o
rio Itajaiaçu sofreu uma enchente tão violenta, que chegou a subir 17 metros
acima do nível normal. Neste Estado, ocorrem também, freqüentemente,
enchentes nos rios Uruguai, do Peixe e Tubarão. Os Estados do Rio Grande do
Sul e do Paraná também sofrem com as enchentes dos rios Paraná, Uruguai,
Iguaçu, Jacuí, Taquari e Guaíba.

É interessante destacar que na região Centro-Oeste ocorrem os dois
fenômenos: enchentes em todos os Estados da região e inundações (no pantanal)  de evolução lenta e gradual, cobrindo uma imensa extensão territorial.

É um fenômeno cíclico anual, que comanda o equilíbrio biológico da fauna, flora, água e do solo. Um dos rios de importância, causador de grandes enchentes é o
Araguaia, afetando principalmente o Estado de Goiás.

Na região Sudeste, todos os Estados são afetados por enchentes nos
seguintes rios: Paraná, em Minas Gerais e São Paulo; o rio Tietê, em São Paulo; o Paraibuna, em Minas Gerais; o rio Doce, no Espírito Santo, e muitos outros,
causando danos à população Mas há que chamar a atenção para dois tipos de
problemas bem caracterizados nesta região: as enxurradas, que alagam em
minutos as cidades de São Paulo, do Rio de Janeiro e outras, com mortos, pânico e tremendos danos econômicos e também os grandes e sérios alagamentos dos municípios da Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro.

Portanto, há que ressaltar que as enchentes, inundações, enxurradas e
alagamentos afetam todos os Estados, nas cinco regiões do País.
Praticamente, pouquíssimos municípios não são afetados. Não será
necessário afirmar que as perdas econômicas, os danos materiais e às
propriedades, bem como o sofrimento das populações atingidas, alcançam um
volume impossível de ser expresso em valores monetários.

Muito comuns também, no País, são os desastres de evolução súbita,
como os deslizamentos de terra, mais freqüentes nas cidades de Salvador, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, acontecendo também em muitas outras cidades.

Como se sabe, o Brasil apresentou, nas últimas décadas, um êxodo rural
acentuado, provocando, assim, um crescimento urbano desordenado,
impulsionado pelo processo de industrialização e de modernização. Essa
tendência de urbanização rápida não permitiu aos poderes públicos locais
estabelecerem o ordenamento da ocupação do solo urbano, gerando as enchentes, os deslizamentos de encostas, os desastres tecnológicos e as epidemias urbanas, que se traduzem em tragédias freqüentemente verificadas noPaís.

Entre os exemplos de desastres de evolução crônica e gradual que
afetam seriamente o Brasil, o mais importante é a seca no semi-árido da região
Nordeste e também em parte da região Sul. A seca, as inundações e os
deslizamentos constituem os desastres mais freqüentes e de maior importância no Brasil.

Considera-se importante concluir neste grupo, como desastres de
evolução lenta, os desmatamentos florestais e os garimpos, de tremenda
agressão e destruição ambiental.

Resumindo, embora não estejamos sujeitos à ocorrência de desastres de
grande repercussão, somos afetados cotidianamente por numerosos outros tipos de desastres, cujas conseqüências, danos e perdas econômicas causam muitas dificuldades e sofrimentos à nossa população.

Lelio Bringel Calheiros
Coordenador Geral de Cursos
ALGUNS CONCEITOS
Torna-se muito difícil falar em desastres, sem fazer, mesmo de forma
sumária, referência a dois ou três conceitos básicos.

Defesa Civil - conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e
recuperativas, destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social.

Diz-se das ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas, para evitar ou minimizar os desastres - e completa-se o conceito com a finalidade
de “preservar o moral da população” e “estabelecer a normalidade social”.
Ao considerar o termo evitar ou minimizar os desastres, teremos que rever o que diz o Conceito de Desastre:

“Resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre uma população vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais”.

É evidente que, se os desastres atuam e afetam a população, deduz-se que evitar e minimizar os mesmos é também uma obrigação da população. Daí
ampliar o conceito de Defesa Civil, completando com a seguinte frase: É um
dever de todo cidadão e um direito da sociedade.

Tudo parece mais claro, quando interpretamos três outros conceitos:

Risco - probabilidade de ocorrência de um acidente ou evento adverso,
relacionado com a intensidade dos danos ou perdas, resultantes dos mesmos.

Vulnerabilidade - probabilidade de uma determinada comunidade ou
área geográfica ser afetada por uma ameaça ou risco potencial de desastre,
estabelecida a partir de estudos técnicos.

Portanto, a Vulnerabilidade, como bem diz o conceito, está relacionada
com o grau de defesa, resistência de edificações, sistemas, serviços, bem como
com as medidas de segurança, que são determinadas, executadas e realizadas
pela população para reduzir os riscos ao ambiente e à população e, desta forma,
evitar ou minimizar os desastres e as conseqüências ou danos dos mesmos.

Assim, fica bem evidente que as ações de prevenção, preparação,
resposta aos desastres e de recuperação, mais que um direito, são um dever da
população, do cidadão, da comunidade e, portanto, da sociedade (entendida esta como o conjunto dos diferentes estratos da população, incluindo o governamental).

A esse respeito, vale a pena comentar o conceito expresso pelo dicionário de Português, Aurélio Buarque de Holanda, sobre INÉRCIA - falta de ação, de atividade, letargia, torpor.

Portanto, um dos conceitos básicos mais importantes é o referente ao
“fenômeno de indiferença” - a inércia, seja da população ou das autoridades de
governo à gravidade dos desastres a que está exposta a própria sociedade.
Eis o “tendão de Aquiles” - o ponto de partida para qualquer atitude que se deseja tomar na luta contra os desastres.

SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL
O Sistema Nacional de Defesa Civil é composto por um conjunto de órgãos específicos, setoriais e de apoio, cujo objetivo é planejar e promover a
defesa permanente contra desastres, naturais ou provocados pelo homem, e atuar  em situações de emergência e em estado de calamidade pública. Integra, no território nacional, ações de órgãos e entidades públicas e privadas, em interação com a comunidade, visando prevenir ou minimizar danos, socorrer e assistir  populações atingidas e recuperar áreas deterioradas por eventos adversos.

A ação organizada de forma integrada e global do SINDEC proporciona
um resultado multiplicador e potencializador, muito mais eficiente e eficaz do que a simples soma das ações dos órgãos que o compõem. Por isso, o Sistema
Nacional de Defesa Civil – SINDEC agrega órgãos governamentais e a sociedade ce está assim organizado:

Órgão superior: CONDEC – Conselho Nacional de Defesa Civil
Órgão central: SEDEC – Secretaria Nacional de Defesa Civil
Órgãos regionais: CORDEC – Coordenadorias Regionais de Defesa Civil
Órgão estadual: CEDEC – Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil
Órgão municipal: COMDEC – Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
Órgãos Setoriais – órgãos e entidades da Administração Pública Federal
Órgãos de Apoio – órgãos públicos e entidades públicas, estaduais e
municipais, privados, ONGs, que venham prestar ajuda aos órgãos integrantes do SINDEC.

A Secretaria Nacional de Defesa Civil - SEDEC constitui, dentro do
Ministério da Integração Nacional, o órgão central ou Secretaria Executiva do
SINDEC.

As atribuições da SEDEC resumem-se a assistir o Ministro de Estado, no
planejamento e promoção da defesa permanente contra as calamidades públicas  e, na qualidade de órgão central do SINDEC, é responsável pela coordenação e articulação dos órgãos e entidades que o compõem, assegurando uma atuação eficiente do Sistema.

As características especiais inerentes às ações de Defesa Civil, principalmente a incerteza dos acontecimentos e o grau de complexidade e de urgência, impõem maior agilidade na tomada de decisões para o equacionamento
dos problemas suscitados, requerendo, desta forma, maior agilidade dos órgãos afins.

Por outro lado, são de fundamental importância o aprimoramento e a
manutenção do corpo técnico especializado e da memória institucional, para que
se alcancem, com grau de confiabilidade e eficiência, os objetivos da Defesa Civil.


PRINCIPAIS PROBLEMAS DO PAÍS NO ATENDIMENTO ÀS EMERGÊNCIAS E DESASTRES

Há quem afirme que o principal problema é a falta de recursos, principalmente recursos financeiros. Considera-se que alguns dos problemas e dificuldades mais importantes que impedem ou dificultam o atendimento aos desastres no Brasil são:
• O “fenômeno da indiferença - a inércia” - da população e das
autoridades de governo para a gravidade e importância dos desastres. Portanto, é a falta de decisão política.

• A ausência de conscientização e participação da população, inclusive
nas decisões importantes, planejamento de estratégias, ações etc. Deve haver
participação plena, consciente e eficiente. Os países com uma Defesa Civil muito eficiente contam com ampla e plena participação da população.

• Outro problema que ainda persiste no Brasil, em todos os níveis da sociedade, é a idéia de que o controle de desastre deva ser apenas na iminência de o mesmo ocorrer ou depois que acontece. Como conseqüência, temos pouquíssima ou quase nenhuma atenção às atividades de prevenção e preparação.

• Pouca ou quase nenhuma coordenação dos órgãos setoriais e instituições, incluindo as universidades, que também constituem o Sistema Nacional de Defesa Civil.

A debilidade de integração se faz sentir em nível federal e também estadual e municipal.

• Ausência ou insuficiência de estudos ou revisão de riscos de desastres e
identificação de vulnerabilidade.

Nenhum município brasileiro possui estudos completos sobre riscos.
Apenas uns poucos, que não chegam a 300, apresentam alguns trabalhos. Mais
de 4 mil municípios têm estudos incompletos sobre os riscos a que estão sujeitos.
 
Pergunta-se, então, como é possível que no País, os municípios dediquem a mais alta prioridade às medidas de prevenção e preparação se não sabem a quais riscos de desastres estão expostos?

• Muito se fala na falta de recursos financeiros. Mas pergunta-se: quais os
municípios que fizeram e mantêm atualizadas as revisões de recursos em geral,
para atuação em prevenção, socorro, assistência, recuperação?
Estamos falando de recursos em geral, para atendimento aos desastres:
-Recursos Humanos
-Recursos Materiais
-Recursos para a Saúde
-Recursos para a Sobrevivência
-Recursos em Equipamentos
-Recursos em Maquinaria Pesada
-Recursos para Busca e Salvamento
-Recursos para Treinamento de Pessoal

• A ausência, nas instituições das áreas setoriais, de uma unidade
específica, responsável pela atuação dos órgãos nas diferentes etapas e no
processo de coordenação do Sistema Nacional de Defesa Civil, debilita muito e
contribui para a inoperância da maioria dos setores no processo (exemplo: setor
saúde, setor educação, setor comunicações, setor agropecuário etc.).

• Por fim, a pequena e quase inexpressiva atividade de treinamento de
pessoal em todos os níveis (desenvolvimento de recursos humanos) é um dos
maiores problemas que o Brasil enfrenta. A carência existe em todos os níveis,
nos Estados, nos Municípios, nas áreas setoriais, nas instituições. Nesse ponto,
dois aspectos são de alta relevância: a falta de oportunidade para treinamento de voluntários da população e a ausência marcada e acentuada do papel das
Universidades do País no processo do ensino e pesquisas sobre desastres.

O problema mais importante é a falta de recursos humanos bem preparados, bem treinados para administrar e aplicar bem os recursos existentes. Em nada adiantará destinar abundantes recursos financeiros, quando as pessoas não sabem tecnicamente o que fazer com os mesmos. Temos, a seguir, o que deve ser adotado, o que pode ser feito para vencer esses problemas e limitações, com alternativas de soluções simples,práticas e ao alcance de qualquer administração local.

• Organização e operacionalização da Defesa Civil em nível local (município).
Observa-se que, em muitas situações, algumas administrações, com a
melhor das intenções, criam suas Comissões Municipais de Defesa Civil. No
entanto, essas Comissões, na maioria dos casos, não passam de um órgão
fantasma, burocrático, criado apenas no papel - por decreto.

Por que isso acontece?
Por várias razões. Dentre estas, cabe distinguir algumas:
1) Falta de apoio, orientação e assessoria técnica do órgão estadual de
Defesa Civil (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil) e de outras instituições do
Sistema Nacional de Defesa Civil do Estado. Para organizar bem uma Comissão Municipal de Defesa Civil é imprescindível contar com o total e amplo apoio da CEDEC e do SINDEC do Estado.

Eficientes mecanismos de coordenação com a CEDEC e o SINDEC
constituem fatores positivos para assegurar o bom funcionamento de qualquer
órgão local de Defesa Civil.

2) Falta de firme propósito e decisão política em considerar o problema dos desastres como de alta prioridade.

O fenômeno da indiferença - a inércia, conduz as mais altas autoridades
do governo local a esconder da população a realidade dos fatos.

Os danos e as perdas econômicas, causadas pelos desastres, não são
apenas aqueles que acontecem diretamente sobre a população, bens e serviços. Quantidade de recursos que têm que ser gastos pela administração local em ações de socorro, assistência, reabilitação e recuperação são quase sempre de outros programas importantes para assegurar o bem-estar e o desenvolvimento da comunidade. Mas, dessa forma, serão desativados, paralisados, atrasados e o prejuízo e as conseqüências serão sempre da população e da comunidade. Isso acarreta graves resultados. É fundamental pensar e analisar muito bem esses aspectos.

3) Não se conhece, no mundo, País algum onde a Defesa Civil tenha
atuação eficiente e que seja apenas operada por órgãos da administração pública.  Ao contrário, quando as ações de atenção aos desastres são de
competência exclusiva dos órgãos de governo e a população (a comunidade) não participa, é sempre um fracasso.

Países como o Japão, Estados Unidos, Canadá, Suécia etc., têm maciça,
bem organizada e eficiente participação da população em todas as atividades de
Defesa Civil. Os cidadãos, nesses países, aprenderam que além de um dever de todo cidadão, é, também, uma honra e um direito de cada comunidade.

Em muitas situações, nas organizações de Defesa Civil, dirigidas pela
população, os bombeiros voluntários estão mais bem equipados e tecnicamente
melhor preparados que outros similares de administrações governamentais.
Mas, sobre a participação da comunidade, é muito importante lembrar que os membros da população devem participar, ter atuação viva, voz e voto, em
todas as partes do processo. Devem participar como membros titulares nas
decisões importantes sobre estratégias, planejamento, organização, direção,
administração e avaliação dos trabalhos. A população não deve participar apenas  como “peões” para carregar pedras, quando acontecem desastres.

4) A falta de um plano de trabalho É criada a Comissão Municipal de Defesa Civil, mas não se define um plano de trabalho, com prioridades, calendário de atividades, etapas a desenvolver e metas a alcançar. Portanto, considera-se básico, ao ser criada uma Comissão Municipal de Defesa Civil em nível local, que seja discutido e elaborado um plano de atividades, simples, claro, objetivo e prático.

Esse plano é fundamental e deve contemplar, sem dúvida:

a) O que vai ser feito em qual período: Quais são os aspectos, os problemas prioritários?
b) Quando deve ser realizada cada atividade, ou seja, o tempo que deve ser utilizado para cada atividade;
c) Como vai ser feito, ou seja, metodologia e tecnologia adequadas a serem aplicadas, com factibilidade de execução;
d) Quem são os executores: Quais os recursos a serem utilizados e mobilizados - capacitação, treinamento e apoio previstos;
e) Como vai ser avaliado o andamento e a qualidade de cada tipo de atividade;
f) Qual a freqüência de avaliação e revisão desse plano de trabalho.
Sem a existência de um plano de trabalho bem definido, considerado de
fundamental importância, a Comissão não funcionará bem. Um plano de trabalho de uma Comissão Municipal pode muito bem  começar de forma modesta, com a organização dos seguintes Grupos de Trabalho por Área de Atuação:

1) Treinamento e capacitação de pessoal, incluindo os voluntários da população.
2) Revisão e estudos de riscos (técnica da revisão-macro de riscos). Duração completa: 4 (quatro) meses.
3) Revisão de recursos em geral: humanos, materiais, equipamentos,
maquinaria pesada, suprimentos médicos para sobrevivência, financeiros etc.
4) Meteorologia, hidrologia, comunicação, alerta e alarme.
5) Sistema de informações.
6) Busca, salvamento e primeiros socorros.
7) Assistência médica e hospitalar.
8) Abrigos provisórios e acampamentos temporários.
Deve ser observado que cada Grupo de Trabalho por Área de Atuação deve estar constituído por pessoal de instituições governamentais, empresas, associações, entidades filantrópicas e população em geral. Todos devidamente
informados, conscientizados, motivados, treinados, capacitados e orientados.
Para terminar esse exemplo, deve-se chamar a atenção para dois pontos que, se forem omitidos ou descuidados, as atividades de Defesa Civil em nível
local fracassarão:
- Não esquecer que a mais alta prioridade para os trabalhos deve concentrar-se nos aspectos de prevenção e preparação.
- Não esquecer que a Comissão deve manter, de forma permanente,
eficientes mecanismos de coordenação com a Coordenadoria Estadual de Defesa  Civil e através desta, com as Instituições do Sistema Nacional de Defesa Civil do  Estado, incluindo as universidades e outras instituições de ensino e pesquisa.

O APOIO DIRETO DO SINDEC DO ESTADO TRAZ BENEFÍCIOS COLATERAIS PARA O MUNICÍPIO
Observações realizadas pela SEDEC, no Brasil, em alguns municípios, têm demonstrado que a existência de mecanismos eficientes de apoio da coordenadoria Estadual de Defesa Civil e das Instituições do Sistema Nacional de Defesa Civil do Estado, traz resultados e efeitos muito positivos para melhorar a  atuação da Comissão Municipal de Defesa Civil. Convém, no entanto, observar
que esses resultados não se limitam apenas ao campo do atendimento aos
desastres.

Sempre que representantes de algumas áreas setoriais do SINDEC se
dirigem ao município e trabalham integrados com os membros dos Grupos de
Trabalho por Áreas de Atuação, é evidente que identificam e conhecem problemas locais dos órgãos das próprias áreas setoriais e logicamente tratam de resolver em nível de Secretaria ou órgão do Estado. Isso é muito comum acontecer na área de insumos, materiais, equipamentos e pessoal técnico especializado. Por outro lado, quando as universidades estão exercendo seriamente o seu papel dentro do SINDEC do Estado, as Comissões Municipais de Defesa Civil se beneficiam amplamente, na área de capacitação de recursos humanos e na utilização de profissionais altamente especializados das universidades para dar  assessoria e conduzir estudos ou elaboração de projetos especiais.

LINHAS GERAIS SOBRE A POLÍTICA DE DEFESA CIVIL
Como o documento sobre a Política Nacional de Defesa Civil é amplo e
complexo, apresenta-se, a seguir, apenas o resumo de duas partes: os objetivos e os principais programas de Defesa Civil no Brasil.
I - Objetivos:
a) Objetivo Geral
O objetivo permanente e finalístico da Defesa Civil é:
-Reduzir desastres.
A finalidade é reduzir a intensidade e a freqüência dos desastres, as quais
são quantificadas em função dos danos e prejuízos provocados.
Elegeu-se, internacionalmente, a ação “reduzir”, porque a ação “eliminar”
definiria um objetivo inatingível.
As ações de redução de desastres abrangem os seguintes aspectos
globais:
1) Minimização de Desastres, compreendendo:
- Prevenção de Desastres;
- Programas de Preparação para Emergências e Desastres.
2) Resposta aos Desastres, compreendendo ações de:
- Socorro;
- Assistência às Populações;
- Reabilitação do Cenário dos Desastres.
3) Reconstrução, que tem por finalidade restabelecer, em sua plenitude:
- Os Serviços Públicos;
- A Economia da Área;
- O Bem-estar da População e o Moral Social.
b) Objetivos Específicos
1) Promover a defesa permanente contra desastres naturais ou provocados pelo homem.
2) Prevenir ou minimizar danos, socorrer e assistir populações atingidas,
reabilitar e recuperar áreas deterioradas por desastres
3) Atuar na iminência ou em situações de desastres.
4) Promover a articulação e a coordenação do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, em todo o território nacional.
II - Programas
Em coerência com a Doutrina de Defesa Civil, são estabelecidos os seguintes programas gerais:
·  Programa de Prevenção de Desastres – PRVD
·  Programa de Preparação para Emergências e Desastres - PPED
·  Programa de Resposta aos Desastres - PRED
·  Programa de Reconstrução - PRRC
1. Programa de Prevenção de Desastres - PRVD
O Programa de Prevenção de Desastres é constituído pelos seguintes
subprogramas e projetos:
1.1. Subprograma de Estudos de Riscos
1.1.1. Projetos de Avaliação de Riscos de Desastres
1.1.2. Projetos de Mapeamento de Áreas de Riscos
1.2. Subprograma de Redução de Riscos
1.2.1. Projetos de Redução das Vulnerabilidades às Secas e às Estiagens
1.2.2. Projetos de Redução das Vulnerabilidades às Inundações e aos
Escorregamentos em Áreas Urbanas
1.2.3. Projetos de Redução das Vulnerabilidades aos demais Desastres
Naturais
1.2.4. Projetos de Redução das Vulnerabilidades aos Desastres Humanos
e Mistos
2. Programa de Preparação para Emergências e Desastres -
PPED
O Programa de Preparação para Emergências e Desastres é constituído
pelos seguintes subprogramas e projetos:
2.1. Subprograma de Preparação Técnica e Institucional
2.1.1. Projetos de Desenvolvimento Institucional
2.1.2. Projetos de Desenvolvimento de Recursos Humanos
2.1.3. Projetos de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
2.1.4. Projetos de Mudança Cultural
2.1.5. Projetos de Motivação e Articulação Empresarial
2.1.6. Projetos de Informações e Estudos Epidemiológicos sobre Desastres
2.1.7. Projetos de Monitorização, Alerta e Alarme
2.2. Subprograma de Preparação Operacional e de Modernização do
Sistema
2.2.1. Projetos de Planejamento Operacional e de Contingência
2.2.2. Projetos de Proteção de Populações contra Riscos de Desastres
Focais
2.2.3. Projetos de Mobilização
2.2.4. Projetos de Aparelhamento e Apoio Logístico.
3. Programa de Resposta aos Desastres - PRED
O Programa de Resposta aos Desastres é constituído pelos seguintes
subprogramas e projetos:
3.1. Subprograma de Socorro e Assistência às Populações
Vitimadas por Desastres
3.1.1. Projetos de Socorro às Populações
3.1.2. Projetos de Assistência às Populações
3.2. Subprograma de Reabilitação dos Cenários dos Desastres
3.2.1. Projetos de Reabilitação dos Cenários dos Desastre
4. Programa de Reconstrução - PRRC
O Programa de Reconstrução é constituído pelos seguintes subprogramas e
projetos:
4.1. Subprograma de Recuperação Socioeconômica de Áreas Afetadas
por Desastres
4.1.1. Projetos de Relocação Populacional e de Construção de Moradias
para Populações de Baixa Renda
4.1.2. Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas
4.2. Subprograma de Reconstrução da Infra-estrutura de Serviços
Públicos Afetada por Desastres
4.2.1. Projetos de Recuperação da Infra-estrutura de Serviços Públicos
O QUE SE ESPERA DOS MUNICÍPIOS E DA POPULAÇÃO
As evidências têm demonstrado, em diferentes partes do mundo, e para
isto serve muito o exemplo do Japão, que somente através de um inteligente e
bem estruturado esforço de ampla informação e motivação da população, pode
ser alcançada uma real mudança cultural.
A mudança cultural somente poderá ser alcançada através de programas
orientados tecnicamente para alcançar o processo de entendimento dos
problemas dos desastres e dos danos e conseqüências adversas que os mesmos determinam, sendo, dessa forma, atingido um grau de conscientização no qual a sociedade (estratos da população, inclusive governamental) decide pela importância e prioridade real das medidas e ações preventivas.
Continuar atuando, de forma improvisada, depois que os desastres
acontecem significa aumentar o sofrimento, as perdas econômicas, paralisar o
desenvolvimento e regredir no tempo. O convencimento de que um bem estruturado programa de preparação permitirá avançar com passos concretos na prevenção de muitas situações difíceis e de ameaça imediata deve ser o anseio e a meta dos municípios e da população.

Somente aqueles que teimarem em continuar na inércia - no fenômeno da
indiferença - não serão merecedores do respeito e do reconhecimento dos seus
cidadãos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vedacit o mais pedido

vedacit mais pedido

- Moço o senhor tem Vedacit?

- Amigo eu preciso impermeabilizar minha laje você tem Vedacit?

-Isso daí funciona igual Vedacit?

Não tem como correr o impermeabilizante mais pedido e o Vedacit da Otto Baumgart, por mais que eu explique a diferença da função de um impermeabilizante para outro não adianta tem gente que só sai da loja se for com Vedacit. O investimento em marketing da Vedacit (note que o nome do produto já incorporou a marca) e tão grande e bem feito que em qualquer lugar pelo menos aqui do norte e nordeste que você vá o Top of Mind da impermeabilização e o Vedacit, então vamos conhecer melhor este produto tão falado.

O que é?

É um aditivo que impermeabiliza concretos e argamassas pela redução do ângulo de molhagem dos poros dos substratos. Pode ser adicionado ao concreto ou utilizado para preparar argamassa impermeável de revestimento diretamente. Evita eflorescências. Como é adicionado à argamassa, seu efeito é permanente, pois possibilita uma espessura de camada impermeável maior. A argamassa impermeável não promove maior resistência à estrutura. Se a estrutura não foi corretamente dimensionada e por exemplo, trincar, consequentemente, a argamassa impermeável também o fará. O projeto estrutural deve considerar as seguintes ações: carga permanente, carga acidental, ação do vento, variação de temperatura, retração, choques, vibrações e esforços repetidos. O projeto de impermeabilização deve ser bem elaborado, impedindo que falhas e deficiências estruturais acarretam solicitações, não previstas ao sistema de impermeabilização. Entende-se por argamassa impermeável, a mistura de cimento, areia, aditivo impermeabilizante e água, em volumes adequados. No cálculo estrutural deve-se levar em conta o tipo de pressão de água ao qual a estrutura estará sujeita. Visto que as estrutura podem estar sujeitas não apenas à água, mas também ao vapor e outros líquidos. Existem quatro tipos de pressões de fluídos a que uma estrutura pode estar submetida. São elas :

a) Água de percolação,a qual que não exerce pressão hidrostática.

b) Água de condensação que é o vapor encontrado nos casos de box de banheiros, tampas de caixas de água, saunas, etc. Nestes casos a argamassa impermeável possui o aditivo que repele água, mas, deixa o vapor passar. Assim a estrutura "respira" e deixa o ambiente salubre. O aditivo tem um efeito higroscópico. Nos casos de box, recomenda-se que o acabamento, seja feito com uma pintura a base de cal. Outro tipo de pintura pode acarretar na condensação do vapor e consequentemente, escurecimento e descascamento do revestimento, bem como, a pintura pode descascar.

c) Umidade do solo: a água proveniente do lençol freático é absorvida pelos materiais empregados na fundação. Esta água sobe através dos poros e provoca o surgimento de bolhas, manchas e escurecimento das pinturas, na altura dos rodapés. Nas fundações rasas ou diretas, faz-se o capeamento com argamassa impermeável (VEDACIT) e o recapeamento com tinta asfáltica (NEUTROL).

d) Pressão unilateral ou bilateral: são exemplos as piscinas enterradas e paredes de encosta. A argamassa impermeável, deve estar submetida à pressão positiva. Nos casos de piscinas enterradas, a argamassa deve ser de 3 cm de espessura. Nos casos de paredes de encosta, dependendo da pressão de água, prever drenos.

image foto Hidrorepell

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Aproveitamento Das Águas Pluviais


A captação da água da chuva é uma prática muito difundida em países como a Austrália e a Alemanha, onde novos sistemas vêm sendo desenvolvidos, permitindo a captação de água de boa qualidade de maneira simples e bastante eficiente em termos de custo-benefício. A utilização de água de chuva traz várias vantagens (Aquastock, 2005):

• Redução do consumo de água da rede pública e do custo de fornecimento da mesma;

• Evita a utilização de água potável onde esta não é necessária, como por exemplo, na descarga de vasos sanitários, irrigação de jardins, lavagem de pisos, etc;

• Os investimentos de tempo, atenção e dinheiro são mínimos para adotar a captação de água pluvial na grande maioria dos telhados, e o retorno do investimento ocorre a partir de dois anos e meio;

• Faz sentido ecológica e financeiramente não desperdiçar um recurso natural escasso em toda a cidade, e disponível em abundância todos os telhados;

• Ajuda a conter as enchentes, represando parte da água que teria de ser drenada para galerias e rios;

• Encoraja a conservação de água, a auto-suficiência e uma postura ativa perante os problemas ambientais da cidade.

Algumas cidades brasileiras já transformaram em lei a captação da água pluvial.
A lei municipal de Curitiba-Paraná nº. 10785 de 18 de setembro de 2003 diz que1:
"Cria no Município de Curitiba, o Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações - PURAE."

Art. 1º. O Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações – PURAE tem como objetivo instituir medidas que induzam à conservação, uso racional e utilização de fontes, usuários sobre a importância da conservação da água.

Art. 7º. A água das chuvas será captada na cobertura das edificações e encaminhada a uma cisterna ou tanque, para ser utilizada em atividades que não requeiram o uso de água tratada, proveniente da Rede Pública de Abastecimento, tais
como:
• Rega de jardins e hortas,
• Lavagem de roupa;
• Lavagem de veículos;
• Lavagem de vidros, calçadas e pisos.

Art. 8º. As Águas Servidas serão direcionadas, através de encanamento próprio, a reservatório destinado a abastecer as descargas dos vasos sanitários e, apenas após tal utilização, será descarregada na rede pública de esgotos.

Em São Paulo, a lei estadual N.º 12526 de 2 de janeiro de 2007 pronuncia2:
“Estabelece normas para a contenção de enchentes e destinação de águas pluviais”.

Artigo 1º- É obrigatório a implantação de sistema para a captação e retenção de águas pluviais,coletadas por telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos, em lotes, edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m2 (quinhentos metros quadrados).


Existe ainda a norma NBR-15527, Água de chuva – Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos, instituída em setembro de 2007 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que prevê, entre outras coisas, os requisitos para o aproveitamento da água pluvial coletada em coberturas de áreas urbanas e aplica-se a usos não potáveis em que as águas podem ser utilizadas após o tratamento adequado.

O uso da água de maneira mais eficiente protege o meio ambiente, economiza energia, reduz os investimentos em infraestrutura, ocasionando melhoria dos processos industriais. O uso eficiente da água representa uma efetiva economia para consumidores, empresas e a sociedade de um modo geral.

Critérios de Qualidade da Água para Reuso Quando se deseja reaproveitar a água da chuva, para qualquer fim específico, é importante saber que sua aceitabilidade depende diretamente de suas qualidades físicas, químicas e micro bióticas, podendo estas serem afetadas pela qualidade da fonte geradora, da forma de tratamento adotada, da confiabilidade no processo de tratamento e da operação dos sistemas de distribuição (Crook, 1993).

Os critérios de qualidade para o reuso da água são baseados em requisitos de usos específicos, em considerações estéticas e ambientais e na proteção dasaúde pública (Ramos, 2005) Dependendo da utilização, os critérios para a qualidade da água incluem os seguintes aspectos:

• Proteção à saúde da população: A água para reuso deve ser segura para o fim pretendido.

• Percepção da população e/ou do usuário: A água deve ser percebida como segura e aceitável para o uso pretendido e os órgãos de controle devem divulgar tal garantia. Esta diretriz pode ocasionar a imposição de limites conservadores para a qualidade da água por parte dos órgãos de controle.

Segundo Organização Mundial da Saúde (OMS, 1973) os critérios de saúde para o reuso potável definem que não deverá existir nenhum coliforme fecal em 100ml.

Sistemas de Reaproveitamento da Água da Chuva O reaproveitamento eficiente da água da chuva é muito simples, só são necessários alguns pequenos cuidados que tornam os sistemas mais seguros e de fácil manutenção. Abaixo se encontram os passos a serem seguidos na montagem do sistema de reaproveitamento da água

1. Dimensionamento do Sistema
O primeiro passo para o reaproveitamento eficiente da água da chuva é o dimensionamento do sistema ideal para cada caso, a partir das necessidades e objetivos do usuário, da área de captação e das características da construção.
É necessária a coleta de informações e levantamentos no local.


2. Modelo do Sistema
O segundo passo é definir o modelo do sistema de reciclagem, que pode ser feito de várias formas diferentes. Eles podem variar desde linhas que utilizam cisternas e filtros subterrâneos e apresentam soluções mais completas de reciclagem de água de chuva, às linhas mais simples, que utilizam filtros de descida e caixas d'água acima do nível do solo.


3. Fornecimento de Componentes
Com base no dimensionamento e na definição dos objetivos e características do sistema a ser implantado, o fornecedor especifica, integra e fornece os diversos componentes necessários. O principal componente a ser especificado nesta etapa será o filtro por onde a água passará antes de ir para o reservatório.


4. Instalação do Sistema
A instalação fica por conta do fornecedor, que deve dispor de pessoal especializado para realizar a instalação de todos os componentes hidráulicos e também elétricos (no caso de utilização de bombas) dos sistemas
Demostração dos aparelhos do sistema de captação da água:

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A água captada pela calha segue para um filtro, eliminando folhas e detritos.
Armazenada numa cisterna, é protegida da luz e do calor para evitar a proliferação de fungos e bactérias. Uma bomba direciona a água limpa até a caixa. O sistema, paralelo ao da rede pública, se destina a descarga de banheiros, lavagem de roupas e torneiras externas.

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De acordo com o ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o modelo de cisterna que está sendo utilizado foi inventado na década de 1960 por um pedreiro da cidade de Simão Dias, em Sergipe, chamado Manoel Apolônio de Carvalho.

Ele substituiu os tijolos por placas de cimento pré-moldadas e concebeu uma cisterna redonda, na qual a pressão da água diminui e evita rachaduras. Uma calha instalada ao redor de todo o telhado conduz a água a um só canto, de onde um cano a conduz até a cisterna. Antes de ser armazenada, ela passa por peneiras para retenção de folhas e outras sujeiras.

A cisterna é construída com cimento seco em moldes de madeira. Depois de montada, ela é amarrada com arame galvanizado e recebe acabamentos interno e externo. Uma parte fica enterrada no solo, para manter a água fresca, e a outra fica acima do chão, tampada.
image

Sequência de execução de uma cisterna. Fonte: http://www.o2engenharia.com.br
Esta cisterna apresenta as seguintes características:
• Material: placas de concreto;
• Volume: 15 m³
• Diâmetro: 3,50m;
• Altura: 1,50m;
Captação de águas da chuva através de cisterna no nordeste. Fonte: Iconografia Moderna A importância da construção de cisternas na Região Nordeste
A construção de caixas de água semi-enterradas no solo (como as cisternas), para armazenar água no período de chuvas e utilizar na seca, é uma das melhores formas de atender às famílias que vivem em regiões secas.

O Semi-Árido brasileiro abrange uma área de 868 mil km², que vai do norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo até o sertão nordestino (Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí) e sudeste do Maranhão.

Segundo a Febraban, estima-se que vivam aproximadamente 8 milhões de pessoas na área rural dessa região, o que a torna o semi-árido mais populoso do mundo.

Nessa região chove em média 700 a 750 milímetros por ano e a maior parte dessa água se perde por evaporação. A solução mais antiga utilizada — a construção de açudes — ajuda, mas não é a ideal: dispersas em casas na imensidão do agreste, as pessoas perdem horas caminhando para
conseguir chegar até a água.

Como a maior parte da água do açude se evapora, no final do estio o que sobra é uma água lamacenta, que é disputada por pessoas e animais, e que, por isso, transmite inúmeras doenças.

Armazenada numa caixa fechada no quintal da família, a água quase não evapora. Os próprios chuva por ano é possível garantir água suficiente, para beber e cozinhar, a uma família de cinco pessoas.
image Fonte:
Portal de Extensão - UFAL: Aproveitamento Das Águas Pluviais

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