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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

UMIDADE ASCENDENTE


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De: Sylvio Nogueira
Caros Colegas:
São muitos os adquirentes de imóveis que sofrem ( e construtores que
recebem reclamações ) por pulverulências de revestimentos em faixas
inferiores de paredes térreas. A causa mais freqüente, desse dano,
está vinculada ao fenômeno chamado umidade ascendente, sobre o qual
faz-se necessário comentar :




Poucos construtores, professores e pesquisadores  –  hoje vinculados a
obras civis convencionais  –  já ouviram falar de "papelão
alcatroado"; e, dentre aqueles que ouviram, a esmagadora maioria está
convicta de que se tratava, apenas, de "uma forma, muito antiga, de
impermeabilizar as vigas baldrame".
Baseados nessa enganosa "certeza", muitos arquitetos, engenheiros,
construtores, mestres-de-obras, etc, abandonaram aquele "idoso
produto", passando a besuntar as faces expostas dos baldrames com
emulsões asfálticas (ou acrílicas), pois tal procedimento lhes pareceu
"mais lógico", "mais prático" ou "mais moderno"...
Sucede, contudo, que estamos presenciando, há várias décadas, um
flagrante e constrangedor equívoco técnico, cujas conseqüências têm
sido suportadas por legiões de leigos - e indefesos - adquirentes de
imóveis, que sofrem sob danos em revestimentos ou marcenarias,
formações de fungos, recintos insalubres, alem de intermináveis
tentativas de reparos (com massas poliméricas e inutilidades afins) ,
perícias técnicas e/ou demandas judiciais.
Com efeito, vejamos :
1 O concreto – sabidamente poroso – deve ser obvia e adequadamente
impermeabilizado, contra a umidade do solo, seja por adição de
densificadores, hidrófugos de massa ou por quaisquer outros processos
assemelhados; mesmo porque a umidade pode ascender pelos próprios
corpos do lastros de piso.
2 Ocorre que o banido papelão alcatroado (ou cartão "kraft" betumado)
desempenhava funções únicas, impossíveis de substituição por emulsões,
asfálticas ou sintéticas, ou por quaisquer outras películas selantes;
de fato, cortado segundo largura folgadamente superior à do baldrame,
o "esquecido" cartão sobrava para os dois lados. E, nas paredes
externas, obedecia à geometria a seguir descrita:
2.1 Para o exterior: formando "dente" inclinado (apoiado em ripa
chanfrada), que servia de gabarito ao emboço, operando, depois, como
pingadeira pluvial;
2.2 Para o interior: aba de 4 ou 5 centímetros, provisoriamente
dobrada, para cima, até o lançamento do lastro; esta dobra servia,
apenas, para retornar à horizontal – antes do lançamento do contrapiso
–cobrindo ( vedando ! ) a interface baldrame x lastro, onde surgem,
fatalmente, fissuras capilares por retração deste último
(nota: este item define, também, o que deve ocorrer sobre todos os
baldrames internos ).
3 Ora, a umidade retida no solo ( seja pelo perfil do terreno e suas
vizinhanças, seja por drenagem insuficiente do lençol, etc, ) tende a
ascender pelas interfaces desprotegidas (óbvio que entre o lastro e o
flanco -  apenas besuntado - do baldrame persistirá uma fresta
capilar) e pelas paredes térreas (tijolos, chapisco, emboço, reboco),
gerando pulverulências em massas e ruínas em pinturas (tintas
acrílicas sofrem sob a forma de bolhas). E a altura dos danos, a
partir do piso, será diretamente proporcional à altitude da cidade em
que se encontra o imóvel ( por diferencial de pressão atmosférica ).
Como se vê, a construção civil urbana brasileira ainda não se deu
conta de que trocou um produto comprovadamente eficaz ( e
baratíssimo ! ) por emulsões vedantes literalmente inúteis (e bem mais
caras); e tampouco tem considerado a alternativa de usar mantas
plásticas, espessas, para desempenhar aquela proscrita e fundamental
função. A prática em patologias construtivas revela que grande parte
dos diagnósticos se forma a partir do exame de geometrias e/ou de
procedimentos tradicionais faltantes, com realce para aqueles
atropelados ( esquecidos ) pelo distanciamento teórico das cátedras
acadêmicas e pela flagrante desinformação técnica hoje
observada nos canteiros de obras.
Sylvio Rocha Nogueira
Arquiteto CREA 347-D/RJ (UFRJ / 1966)
Consultor em patologias da construção civil.
Ex- professor universitário ( PUC/PR ) / Ex-bolsista, do DAAD, junto à
Technische Hochschule Stuttgart / Alemanha.
Home Page: www.snogueira.com   Curitiba-PR.

Caro Ricardo
O assunto é muito amplo, pois está ligado a vários fatores na obra, entre elas a umidade do solo ou de migração de outras partes da estrutura, ou ainda de instalações com problemas.
Deve-se então estabelecer parâmetros para contrôle de todas estas etapas.
1. Para a umidade ascendente do solo, deve-se criar barreiras adequadas nas vigas baldrames e nos pisos;
2. Para a migração de umidade das outras estruturas, deve-se isolar as possibilidades destas migrações, através de criação de camaras de perda de pressão - como no caso de espaços entre cordões de argamassas nas alvenarias, ao invés d enchimento total dos espaços com a argamassa, que é um elemento de migração capilar de água;
3. Instalações - cuidados especiais nas ligações e nos declives das águas para ralos, etc.
No caso de alvenarias ou painéis sobre lajes, cuidados especiais com as fachadas, pois é comum haver fissuração entre as alvenarias e estruturas, e nestas a infiltração de umidade para o espaço mais seco ou quente da obra.
Vale a pena consultar o livro do Ercio Tomás do IPT
Paulo Bina 

Prezados colegas do grupo, gostaria de receber dos colegas material didático e informativo (técnicas, procedimentos e produtos aplicáveis) sobre UMIDADE ASCENDENTE EM PAREDES E PAINÉIS. Ao longo da minha lide, tenho tido contato com muitos casos de deterioração de substratos afetados por esse problema. Em obra que executei para mim mesmo, sofrí com o problema por não ter prevenido minhas paredes desse "ataque" verdadeiramente terrível e destruidor. Agradeço a todos em geral e aguardo contribuições
Clube dos Engenheiros Cívis

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