Figura 1: Determinação de dureza usando durômetro "Shore A"
Fonte: AT&S /Denver Impermeabilizantes)
Tipos e propriedades de selantes
Estes materiais são compostos por polímeros, cargas (fillers), pigmentos e aditivos modificadores de suas propriedades. São conhecidos no mercado de acordo com o tipo de polímero, cura e comportamento mecânico, os quais são responsáveis por algumas de suas principais propriedades e seu desempenho. Eles são encontrados no mercado como monocomponentes, mais utilizados no meio consumidor pela sua facilidade de aplicação, ou bicomponentes, os quais polimerizam pela ação de agente endurecedor, também chamado de catalisador. Nas juntas de fachada, no caso de especificação do uso de selante bicomponente, o usuário deve consultar o fabricante para obter informações e cuidados adicionais aos citados neste manual.
A escolha do selante deve ser devidamente especificada em projeto, pois estes produtos apresentam diferentes propriedades, de acordo com o tipo e a composição química. Os principais tipos de selantes do mercado adequados para juntas de fachadas encontram-se explicitados a seguir.
■ Poliuretanos: produtos à base de polímeros sintéticos, produzidos pela reação de poliol e isocianato.
■ Silicones: produtos à base de silício e os de cura neutra são os adequados.
■ Silicones híbridos (MS polímeros): produtos à base de poliéster com terminações de silano.
Além da classificação de selante com base na composição química e no modo de cura, estes produtos são também classificados conforme a capacidade de acomodação de movimentação.
No processo de seleção do selante, devem ser especificadas as suas exigências necessárias à obra em relação aos produtos do mercado. Em casos específicos, consultar o fabricante.
Propriedades do selante
Na especificação do produto para juntas de movimentação em fachadas de edifícios, devem-se levar em conta as propriedades seguintes.
■ Fator de acomodação – capacidade de acomodação da movimentação:
o especificador deve calcular a quantidade máxima de movimentação prevista para determinado tipo de junta, bem como a largura mínima de junta. Devem-se conhecer as características dos materiais que formam a junta e a variação de temperatura, mínima e máxima, prevista no local da obra.
■ Módulo de elasticidade – é a rigidez ou a resistência do material à deformação elástica. Quanto maior for o módulo, mais rígido será o material, ou menor será a deformação elástica que irá resultar da aplicação de uma dada tensão. O processo de deformação no qual a tensão e a deformação são proporcionais é chamado de deformação elástica. A deformação elástica não é permanente, o que significa que, quando a carga aplicada é liberada, a peça retorna à sua forma original. O selante deve ter sempre módulo de elasticidade inferior ao do substrato, pois, caso contrário, pode romper-se na interface selante/ substrato.
■ Capacidade de extrusão – está relacionada com a consistência e pode ser avaliada pela facilidade de saída do produto da embalagem e pela facilidade de aplicação na junta, antes da cura. A finalidade prática desta propriedade é verificar se houve penetração de ar pela embalagem, se o selante foi mal-acondicionado ou se está fora do prazo de validade.
■ Adesão ao substrato – o selante deve aderir em diferentes substratos, em toda a extensão da superfície e sem pontos de falha. Alguns tipos de selantes apresentam melhor aderência em superfícies porosas e outros, em superfícies não porosas. Algumas vezes, há necessidade de uso de primer para melhorar a aderência. A adesão pode ser avaliada previamente por ensaio qualitativo em obra, aplicando-se o selante no substrato existente. Recomenda-se seguir as instruções do fabricante do produto.
■ Durabilidade ao intemperismo natural ou acelerado – é a capacidade do selante de manter as suas características iniciais ao longo do tempo quando expostas às condições do meio ambiente, inclusive quanto à cor original. O intemperismo varia conforme as condições climáticas do local do edifício e o nível de agressividade atmosférica, se marítima, industrial ou rural. Ela não é uma propriedade do material, mas o resultado da interação do material com o ambiente que o cerca, incluindo aspectos de microclima. A durabilidade do selante pode ser avaliada pela exposição ao intemperismo natural ou sob condições de exposição em laboratório, sob a ação de ciclos de radiação ultravioleta, temperatura e umidade. A Figura 2 mostra um dos tipos de aparelho mais utilizados do mercado para simular o intemperismo natural, de forma acelerada. Possui controle de sistema de radiação, temperatura e condensação.
de radiação e condensação, com controle de temperatura
(Fonte: AT&S /Denver Impermeabilizantes)
■ Manchamento do substrato – os selantes não devem liberar substâncias químicas de sua formulação aos substratos de elevada porosidade. O fenômeno de migração de substâncias do selante para os substratos porosos é comumente observado em produtos formulados com plastificantes externos ou de cura acética. Para substratos sensíveis, como mármore, granitos, porcelanato, solicite o teste de manchamento ao fabricante do produto (ASTM C1248).
Apalavra desempenho, conforme o CIB (Conseil International du Bâtiment), significa o comportamento em utilização e serve para caracterizar se um produto apresenta certas propriedades que o Avaliação de desempenho dos selantes
capacitem a cumprir determinada função, quando submetido a determinadas
influências agressivas durante sua vida útil em serviço. Os meios de avaliação podem ser realizados por intermédio de ensaios e medidas, pelos quais se tentam reproduzir as condições de exposição de maneira simplificada. A avaliação é baseada em requisitos e critérios de desempenho especificados para cada tipo de ensaio. Os ensaios em laboratório geralmente aplicam métodos de avaliação uniformizados e normalizados, a fim de verificar se os produtos atendem aos requisitos e critérios fixados. Os ensaios são realizados com temperatura e umidade controladas, substratos-padrão, equipamentos calibrados, funcionários devidamente treinados para execução e com controle de
qualidade, determinados à repetitividade e à reprodutividade de cada ensaio.
Os resultados obtidos são comparados aos limites especificados nos requisitos, prefixados por entidades normalizadoras de cada país. Podem ser também realizadas avaliações qualitativas em obra, e os resultados avaliados comparativamente a um padrão predeterminado de seleção qualitativa. O objetivo destas avaliações é o controle de qualidade da selagem da junta e fiscalização de aplicação. Este tipo de avaliação, apesar de não ser tão padronizado, tem a vantagem de poder ser realizado com o substrato e as condições da própria obra. A seguir, são apresentados alguns ensaios qualitativos para a avaliação de desempenho dos selantes, e o resultado avaliado de modo comparativo.
a) Facilidade de aplicaçãoA força necessária para a extrusão do selante é um fator importantena avaliação do aplicador. Selantes facilmente extrudados exigem menortempo e esforço do aplicador.
Avaliação 1 – A avaliação deve ser realizada aplicando-se o selante na abertura da junta cujo substrato e cujas dimensões são os mesmos propostos em projeto. Para tanto, deve-se utilizar uma mesma pistola, com aplicação por diferentes operadores, tanto na temperatura mais baixa quanto na mais alta no período de aplicação, a fim de avaliar o esforço na extrusão do selante durante a referida aplicação (Figura 3).
b) Facilidade de acabamento da junta
A facilidade de acabamento do produto também é uma das mais importantes características para economia no tempo de serviço, garantindo o fator de forma e o contato contínuo e sem falhas do selante com as laterais da junta, além de assegurar uma superfície lisa e uniforme. São utilizadas diferentes ferramentas, e a avaliação deve ser realizada com a ferramenta selecionada para a aplicação na obra. O produto deve apresentar boa consistência e não aderir às ferramentas, na temperatura de aplicação.
Avaliação 2 – Esta avaliação deve ser realizada aplicando-se o selante na abertura da junta com a dimensão especificada para a obra. Deve-se efetuar o processo nas temperaturas mais baixa e mais alta no local em que o serviço está sendo executado, utilizando-se uma mesma ferramenta com aplicação por diferentes operadores, a fim de ser avaliado se o selante permite um bom acabamento sem aderir às ferramentas (Figura 4).
Figura 5: Selante adequado que não apresenta escorrimento, quando aplicado em superfície verticalFonte: Denver Impermeabilizantes
c) Escorrimento do selante
Os selantes, quando aplicados na largura e na profundidade da junta, e na temperatura durante a aplicação, não devem apresentar escorrimento.
Avaliação 3 – Aplicarsobre um perfil metálico, posicionado na vertical, uma grande quantidade de selante no local e verificar se há escorrimento ou formação de ondulações do produto,selantes e depois da cura
completa (Figura 5).
d) Fio de corte
O fio de corte também é um fator importante na aplicação do selante.
Quando o fio é longo, aumenta o risco de aderência do selante em locais não adequados, como componentes da alvenaria, roupas e ferramentas, por exemplo, entre outros. Após a cura, os selantes só podem ser removidos mecanicamente.
Avaliação 4 – A avaliação do fio de corte pode ser realizada visualmente pelo comprimento do fio de corte, que pode ser longo ou curto, sendo o curto o mais adequado por não aderir nas superfícies adjacentes (Figura 6).
adequado inadequado
Figura 7: Ensaio de adesão do selante à junta
e) Adesão do selante na junta – teste de aderência em campo Auxilia a detectar problemas de aplicação, como limpeza inadequada, uso indevido de primer, aplicação de forma inadequada ou configuração incorreta da junta. O ensaio deve ser realizado no local da selagem, após a cura do selante, geralmente entre 7 e 21 dias.
Avaliação 5 – A avaliação deve ser realizada de acordo com os itens a seguir:
a) fazer um corte horizontal de um lado ao outro da junta por meio de estilete, conforme evidenciam as Figuras 7 e 8;
b) fazer dois cortes verticais (a partir do corte horizontal), com cerca de 5 cm de comprimento, nos dois lados da junta;
c) fazer uma marca de 2,5 cm no selante;
d) segurar firmemente um pedaço de 5 cm de selante logo abaixoda marca de 2,5 cm e puxar segundo um ângulo de 90º;
e) quando o produto for aplicado em dois diferentes substratos, realizar o ensaio em cada um dos substratos separadamente. O ensaio deve ser realizado estendendo-se o corte vertical ao longo da lateral de um dos lados da junta, com o cuidado de verificar se há adesão do lado oposto. Posteriormente, deve-se repetir o mesmo ensaio para o outro substrato;
f) observar que o selante deve se romper no ponto final da incisão.
Figura 8: Ensaio de adesão: teste de aderência em campo
Fonte: Manual de selantes: Aplicação de selantes em juntas de movimentação de fachadas - Boas práticas, volume 5
Organizadoras; Fabiola Rago Beltrame e Kai Loh
Programa de Tecnologia de Habitação HABITARE
7-10-09