Distribuição física é o ramo da logística empresarial que trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos dos produtos finais da firma. A distribuição física preocupa-se principalmente com bens acabados ou semi-acabados, ou seja, com mercadorias que a companhia oferece para vender e que não planeja executar planejamentos posteriores.
Desde o instante em que a produção é finalizada até o momento no qual o comprador toma posse dela, as mercadorias são responsabilidade da Logística.
A administração da distribuição física se processa em três níveis: estratégico; tático e operacional.
- Nível estratégico – decisão de modo geral de qual deve ser a configuração global do sistema de distribuição (localização dos armazéns, seleção dos modais).
- Nível tático – significa utilizar os recursos da distribuição física (caminhões, armazéns, sistemas de processamento de pedidos). Seus responsáveis tentam atingir a maior utilização possível.
-Nível operacional – refere-se às tarefas diárias que o gerente de distribuição e seus subordinados devem desempenhar para garantir que os produtos sejam movimentados (carregar caminhões, embalar produtos). O foco se concentra na supervisão e realização de tarefas.
3.1) Componentes do sistema de distribuiçãoA distribuição física de produtos é realizada com a participação de alguns componentes a saber :
- Instalações físicas;
- Estoque de produtos;
- Veículos;
- Informações diversas;
- Softwares;
- Custos;
- Pessoal.
3.2) Configurações do sistema de distribuição
Muito embora possa ocorrer , na prática, um número razoável de situações diversas na distribuição física de produtos, podemos resumi-las em duas configurações básicas, a saber :3.2.1) Distribuição “ um para um”
Processo em que o veículo é totalmente carregado no depósito da fábrica ou num centro de distribuição (CD) e transporta a carga para um outro destino, podendo ser outro CD, uma loja ou outra instalação qualquer.
Neste tipo de distribuição o carregamento do veículo é realizado de forma a lotá-lo completamente. Na linguagem do pessoal de transportes, este tipo de distribuição é denominado transferência de produtos.
3.2.1.1) Elementos básicos
Este tipo de distribuição é influenciada por alguns fatores :
• distância entre o ponto de origem e o ponto de destino;
• velocidade operacional;
• tempo de carga e descarga;
• tempo porta a porta;
• quantidade ou volume de carregamento;
• disponibilidade de carga de retorno;
• densidade da carga;
• dimensões das unidades transportadas;
• valor unitário;
• acondicionamento;
• grau de fragilidade;
• grau de periculosidade;
• compatibilidade entre produtos de natureza diversa; e
• custo global.
A velocidade operacional é a velocidade média entre os pontos de origem e destino , descontando os tempos nos terminais, ou seja, retirando os tempos de carga e descarga, tempos de espera para a carga ser recebida pelo cliente e etc. Assim, para uma transferência entre dois pontos A e B :
t AB - t terminais
onde t AB é o tempo total da viagem entre A e B e t terminais representam o somatório dos tempos de carregamento, de descarga e esperas. Nas viagens intermunicipais, a velocidade operacional é fortemente condicionada pelas características das estradas . As condições de má conservação das rodovias, hoje observadas no país, reduzem bastante a velocidade operacional dos veículos, prejudicando sua produção e acarretando aumento nos custos operacionais.
A distância é um dos elementos que mais influem nessa forma de transporte, pois condiciona a seleção do tipo de veículo, o dimensionamento da frota, o custo e o frete a ser cobrado do usuário. Para aproximação do cálculo da distância entre 2 pontos , um dos métodos mais utilizados é a aproximação da distância em linha reta através da expressão :
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onde k1 é um fator de correção que varia entre 1,35 a 1,40 , dependendo das condições da malha viária, do trânsito e de diversos outros fatores. A distância em linha reta pode ser obtida através de programas de informática, cartas e mapas rodoviários etc.
3.2.2) Distribuição “ um para muitos”
Nesse tipo de distribuição , o veículo é carregado no CD do varejista com mercadorias destinadas a diversas lojas ou clientes, e executa um roteiro de entrega pré-determinada. O veículo parte do depósito carregado e percorre uma distância d até o bolsão de entrega. Dentro do bolsão, o veículo realiza n visitas a diversos clientes.
A distribuição “ um para muitos “ é influenciada por 15 fatores, quando encarada sob o ponto de vista logístico. São eles :
- divisão da região a ser atendida em zonas ou bolsões de entrega;
- distância d entre o CD e o bolsão de entrega;
- velocidades operacionais médias, sendo V1 no percurso entre o depósito e o bolsão e V2 o percurso dentro do bolsão;
- tempo de parada em cada cliente;
- tempo de ciclo (necessário para completar um roteiro e voltar ao depósito;
- freqüência das visitas;
- quantidade de mercadoria;
- densidade da carga;
- dimensões e morfologia das unidades transportadas;
- valor unitário;
- acondicionamento;
- grau de fragilidade;
- grau de periculosidade;
- compatibilidade entre produtos de natureza diversa;
- custo global.
Para os cálculos de aproximação de distâncias neste caso, o veículo parte do depósito carregado e percorre uma distância d até o início de uma área denominada bolsão de entrega conforme mostrado na figura acima. Para o cálculo da distância d , utilizamos a mesma fórmula do cálculo para distância do método “ um para um “ , tendo em vista que neste roteiro não ocorrerão entregas.
3.2.2.1) Aproximação da distância dentro do bolsão
Para o cálculo das entregas dentro do bolsão de entrega, muitos autores analisaram, por meio de simulação, uma série de roteiros, variando o número de clientes visitados e considerando uma distribuição aleatória de pontos dentro do bolsão, com forma e área variável. Se o roteiro foi estabelecido de forma ótima e o bolsão não tiver uma forma muito irregular, é possível estimar com razoável precisão a extensão média do roteiro através de uma fórmula simples :
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onde L é a distância percorrida dentro do bolsão, em Km, k1 é a constante de correção mencionada anteriormente cujo valor varia entre 1,35 a 1,40, k 0 é uma constante valendo 0,765 , A é a área do bolsão em Km² e n é o número de clientes visitados dentro do bolsão.
Exemplo : Calcule a distância dentro de um bolsão de entrega cuja área é de 4 Km² , para um roteiro de 50 clientes a visitar, com k1 = 1,40.
Logo:
L = 0,765 x 1,40 x 4 x 50 = 15, 15 Km
ou seja, somando-se os percursos que ligam cada cliente ao próximo, o veículo percorrerá, em média, um total de aproximadamente 15,15 Km dentro do bolsão.
Outra forma de estimar extensão do roteiro dentro do bolsão é relaciona-la com a densidade δ (clientes por Km² ) na região analisada, que é dada pela fórmula :
Onde δ representa a densidade, n o número de clientes atendidos e A a área do bolsão. Fazendo a substituição e simplificando a fórmula da distância :
δ
No exemplo acima citado, δ = 50/4= 12,5 clientes por Km² . Colocando-se os valores na expressão acima encontra-se o mesmo valor para L = 15,15 Km.
3.2.2.2) Quilometragem mensal
δ
A primeira parcela dentro dos parênteses representa a distância percorrida desde o depósito até o bolsão e vice –versa (se a distância de ida for igual a de volta). A segunda parcela nos parênteses representa o percurso total dentro do bolsão . O fator 26/Dt, por sua vez, representa o número médio de visitas mensais ao bolsão analisado.
3.2.2.3) Tempo necessário para completar um roteiro
O tempo de ciclo, isto é, o tempo decorrido desde a saída do veículo do CD, até seu retorno ao mesmo tempo, no fim do dia, é composto pelos seguintes elementos :
t 1 – tempo de percurso do CD ao bolsão;
t 2 – tempo de percurso dentro do bolsão;
t 3 – tempo de parada total, para fazer as entregas aos clientes;
t 4 - tempo de percurso de volta, desde o bolsão até o CD.
O primeiro e o último tempos são calculados de forma agregada, dividindo-se a distância percorrida pela velocidade média V1 e multiplicando o resultado por dois, quando a distância de ida e de volta forem as mesmas. É dada pela expressão :
V1
O tempo t 2 é estimado dividindo-se a distância percorrida dentro do bolsão, pela velocidade média V2 :
V2 x δ
Finalmente, o tempo t 3, é estimado multiplicando-se o tempo médio de parada pelo número de clientes visitados, ou seja :
t 3 = n x tp
60
onde tp é o tempo de parada expresso em minutos e t 3 em horas. O tempo de ciclo TC, expresso em horas, é igual à soma dos tempos t 1, t 2, t 3 e t 4.
TC = t 1 + t 2 + t 3 + t 4
3.2.2.4) Roteiro restrito pela capacidade útil do veículo
Então , o máximo número de visitas que o veículo pode realizar numa viagem, devido à restrição de capacidade, é obtido substituindo Q pela capacidade W do veículo na expressão acima, ficando :
q
Para definição das zonas de entrega, poderemos trabalhar também em função da densidade do bolsão. Se lembrarmos que a densidade é o número de clientes visitados no bolsão dividido pela área do bolsão, a expressão acima ficará :
3.2.2.5) Roteiro restrito pela jornada diária de trabalho
Além de respeitar os limites físicos do veículo de distribuição, não podemos ultrapassar a jornada média de trabalho por dia, que é de 8 horas. Ou seja, o tempo de ciclo TC, dado pela expressão acima mencionada, não pode ultrapassar 8 horas por dia. Logo o número de clientes máximo que poderão ser visitados por dia em função do TC ficaria :
De forma análoga, para se obter a área máxima que o bolsão poderá ter para não ultrapassar o limite de trabalho será :